Porque Deus amou? (1)
“Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que balança cai.”

Quando eu analisei o meu primeiro versículo da bíblia no original grego do Novo Testamento, não me contive de tanta alegria, porém, fui tomado de muita surpresa porque ao compará-la com algumas muitas versões da Bíblia em língua portuguesa que me vieram às mãos, havia algumas diferenças bem significativas. Fique claro, contudo que eu não era nenhum neófito, recém-convertido ou leitor de final de semana. Eu era bacharel em Teologia e agora cursava grego clássico numa universidade pública.

De imediato, cantei: “Que alegria neste dia…”.
Este foi meu primeiro sentimento – de muuuuiiiita alegria, quando traduzi e li do original grego João 3.16, mas… pasmem, qual não foi minha surpresa em verificar as diferentes versões.

A primeira versão, dizia: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna” (Versão LH, 2002).

Na segunda versão, li: “Pois Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Versão NVI, 1994).

E, na terceira versão, encontrei: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Versão Almeida, 1996; Melhores textos).

Destaco no quadro abaixo, as tais diferenças:

 

LH NVI Almeida
Porque Pois Porque
tanto tanto de tal maneira
o seu único Filho O seu Filho Unigênito O seu Filho unigênito
Para que todo aquele que nele crer Para que todo o que nele crer Para que todo que nele crê
Não morra Não pereça Não pereça

 

Interessante, não…?

Senti uma imensa curiosidade de entender os porquês dessas significativas diferenças que encontrei em leituras consecutivas de outros textos bíblicos do Novo Testamento, resolvi buscar respostas textuais e compartilhar algumas dessas experiências com vocês.

Partimos do princípio que a curiosidade é a mola-mestra que todo ser humano possui quando se dispõe a sair da sua própria zona de conforto e procura fazer novas descobertas pessoais para responder suas dúvidas, e deste modo, eu convido você a me acompanhar em novas descobertas e desvendamentos que venham nos possibilitar o crescimento no conhecimento da Palavra de Deus, bem como, na intimidade com o Deus da Palavra. Estaremos indo em direção às nuvens, não aquelas nuvens que guardam documentos digitais de meio mundo com senhas pessoais corrompíveis e de fácil acesso por rackers bem treinados, mas aquelas nuvens que guardam os mais sublimes segredos de DEUS revelados na Palavra do Senhor – a Bíblia, como está escrito em Mateus 17.5 “Estando ele (Jesus) ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.”. Uma nuvem luminosa, cheia de luz, iluminada – nefe/lh  fwteinh/   (nephélē  phōteinḗ). No momento da transfiguração de Jesus, Deus, o Pai, se manifesta aos discípulos pela Palavra. Deus se revela a nós em sua Palavra.

Conhecer a Palavra de Deus é uma motivação a mais para nos voltarmos de corpo, alma e espírito em uma busca do entendimento da Bíblia por meio de mecanismos que nos aproximem dos originais e de sua expressividade textual-literária. Conhecer o Deus da Palavra é a motivação primordial de todo aquele que busca realizar a vontade do SENHOR DEUS através do estudo da Bíblia – Palavra de Deus, ou seja, a intimidade com DEUS é um modo radical de viver os ensinos de DEUS transmitidos em SUA PALAVRA pelas Palavras de seu Filho Unigênito JESUS. Conhecimento da PALAVRA não é só decorar versículos ou livros da Bíblia, conhecer contextos históricos, datas e autores, mas também, saber conhecer e praticar integralmente tudo aquilo que está escrito.

Lembremo-nos daquilo que Jesus afirma no Evangelho de Mateus 22.29, quando responde aos fariseus sobre a questão da ressurreição: “Errais não conhecendo as escrituras nem o poder de Deus;”. O verbo que lá está no original – plana~sqe  (planaste) significa “vós vos iludíeis; vós vos desviais“,  em bom português brasileiro – “você iludido… porque não conhece a PALAVRA DE DEUS”, saber no sentido de vivê-la plenamente.

De igual forma, podemos nos lembrar do que Jesus diz no Evangelho de João 5.39: “Examinais as escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim;”, ou seja, “investigais as escrituras…”.  O sentido do verbo grego e0reuna~te (ereunāte) implica um exame detalhado, um esforço em saber mais profundamente, esquadrinhamento investigativo, um esforço em saber ou desvelar aquilo que está em oculto.

Minha proposta é de que juntos possamos investigar as Escrituras e juntos crescermos na Graça e no Conhecimento da Palavra de Deus.

Este é um dos principais fundamentos do porquê Deus nos amou… ELE nos chamou para conhecê-LO e receber dEle a plenitude do Seu amor.

Pr. Manoel Felipe Santiago Filho