Olá, como vão vocês?
Vocês assistiram o filme “Invasão do Mundo: A batalha de Los Angeles”? O filme foi dirigido por Jonathan Liebesman e estrelado por Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Michael Peña, Ne-Yo, Ramón Rodriguez e Bridget Moynahan, com seu lançamento nos Estados Unidos no início de 2011. Repleto de efeitos especiais e cercado de forte mídia divulgadora, ele não obteve tanto sucesso como outros filmes do mesmo gênero como “Independence Day” (1996) com Will Smith, ou como “Guerra dos Mundos” (2005) com Tom Cruise, ou mesmo “Avatar” (2009) com Sam Worthington, mas fez razoável sucesso nas TVs abertas e fechadas do Brasil nosso de cada dia.
Todos estes filmes e tantos outros da mesma linha de “criação” abordam o mesmíssimo roteiro do “fatídico encontro entre dois mundos diferentes”, duas realidades díspares e, invariavelmente, conflitantes por conta dos interesses que envolvem as duas culturas: nos filmes, uma cultura é apresentada como dominadora, cruel, destruidora e intransigente com as diferenças de outrem; a outra é apresentada como uma cultura “desenvolvida” contida num sistema social falho, fraco e permissivo, mas que lutará in-can-sa-vel-men-te para manter sua liberdade simplória; e, é aqui que nascem os “heróis. As fórmulas utilizadas pelos escritores, diretores e roteiristas possuem algumas variações quanto à trama, ao enredo e ao cenário, no entanto, há sempre o mesmo objetivo – caracterizar o encontro de dois mundos como conflitantes.
O conflito entre estes dois mundos, duas culturas ou duas comunidades diferentes, encerra em si mesmo premissas que partem de uma perspectiva nossa, “humana”, de possibilidades midiáticas, ou seja, sugeridas pela mídia em geral e pelos interesses que elas possam vir a representar. É importante ressaltar, no entanto, que “o interesse” não é malévolo quando utilizado para influenciar benignamente os comportamentos sociais destrutivos, bem como, para sugestionar atitudes dignas e benfazejas que possam transmutar massas débeis e desregradas socioculturalmente e até aculturadas, todavia, fica claro que o ato de “influenciar”, por si só, já implica em um ato invasivo do mundo do outro.
O fato marcante é que, querendo ou não, toda e qualquer influência gira em torno de interesses sim, os quais não gerariam conflitos, se fossem estudados em conjunto, ressaltando todas as aplicabilidades daquilo que se pretende ser de benéfico para ambas as partes, quando compartilhados os objetivos comuns de crescimento e de desenvolvimento coletivo das culturas envolvidas e quando coexiste uma perspectiva de respeito mútuo às tradições ou pedras fundamentais das crenças individuais ou coletivas. Isto, porém, não quer dizer que uma cultura tenha que aceitar crimes, barbáries e intolerâncias consolidados na outra cultura sem discutir seus porquês e demonstrar que estas práticas podem mudar ou ser extintas à luz de regras mais sublimes.
Deve existir, portanto, uma tênue fronteira de boa vontade entre os que procuram trazer algo novo ou nem tão novo, mas diferente; e, entre os que aguardam receber boas novidades que lhes façam criar novo ânimo para o alçamento de suas potencialidades naturais, ampliando assim, suas perspectivas de vida até alcançarem um nível de excelência (ou, como diria o apóstolo Paulo – “até a estatura de varão perfeito”, Efésios 4.13); sempre juntos, sempre concordes e sempre unidos pelo mesmo espírito, comungando dos mesmos objetivos, sem qualquer tipo de violência que possa causar a quebra desta harmonia entre todos os participantes do processo de aproximação e de convivência. E, isto leva algum tempo… às vezes, muuuiiiito tempo.
Assim sendo, é a partir do tempo que construiremos nossas reflexões oportunas, melhor dizendo – “crônicas sem cerimônias”, sobre a coexistência entre dois mundos: o mundo das palavras bíblicas do Novo Testamento – o grego koinê ou grego comum, popular, ao alcance de quase todos os povos daquela época e o mundo das palavras bíblicas aplicadas no dia-a-dia de nossas vidas na pós-modernidade frenética sem tempo para refletir ou avaliar até que ponto vai a liberdade interpessoal.
Creio que começamos bem, porque crônicas é palavra que se origina no grego – chrónos, que significa tempo, período de tempo determinado, tempo contável de vida, idade; que origina a expressão grega substantiva, neutra e plural chroniká, significando algo relativo ao tempo, temporalidade, que por sua vez incide sobre alguns termos da língua portuguesa, como cronometro, cronologia, cronograma, cronografia, etc. Logo, nossas intervenções temporais e momentâneas são crônicas por tratarem de assuntos atuais em ordem cronológica, conforme os melhores dicionários do ramo. Cerimônia, por sua vez, origina-se no latim caerimōnia, que significa “forma exterior e regular de um culto, ou solenidade de caráter religioso ou profano que seguem normas e regras estritas, adequadas e próprias a cada fim, um rito”, segundo Cunha (1986) e Houaiss & Villar (2001).[1] Logo, imediatamente, no título e tema que nos move a escrever – “Crônicas sem Cerimônias”, se percebe que há uma coexistência pacífica entre a língua grega, a latina e a portuguesa, mundos linguísticos que se locupletaram.
Desse modo, nossos objetivos são demonstrar a atualidade das mensagens do Novo Testamento Grego, motivar nossos leitores a buscarem um mais amplo entendimento das palavras de fé e prática neotestamentária para os nossos dias, assim como, ensinar um pouco dos mistérios do grego koinê à luz da Palavra de Deus. Nosso público alvo são todos os leitores e estudiosos da Bíblia que disponibilizam de algum tempo para ler, meditar e compartilhar comigo de uma riquíssima e inesgotável fonte de conhecimento e sabedoria atemporais ou acronômicas, se preferirem.
Vocês estão prontos? Então, iniciemos nossa caminhada com um primeiro passo de muito amor em João 3.16. E, como diriam alguns jovens… partiu!
Pr. Manoel Felipe Santiago Filho
[1] CUNHA, A. G. (1986) Dicionário Etimológico Nova Fronteira de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. HOUAISS, A. VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.