Certamente todos concordamos que o dinheiro é apenas um meio, um meio de pagamento.
No entanto, há um momento em nossas vidas em que ele deixa de ser um meio para se tornar um fim.
Quando isso acontece?
Quando, na família, o meio de subsistência vira pomo de discórdia, inimizade, briga e morte, esquecido o amor que na infância a todos embalava?
Quando, na religião, o meio para a realização das atividades vira o objetivo mesmo do culto, ignorado o Deus a quem se adora?
Quando, no emprego, a remuneração pela força de trabalho se converte na razão de ser das vidas envolvidas, nada importando o que se faz.
Quando, na vida de uma pessoa séria, poupar para o futuro se torna uma obsessão capaz de inviabilizar o seu presente?
O dinheiro nos faz quebrar cada um dos Dez Mandamentos, mas, de novo, o dinheiro é apenas um meio de pagamento.
Nascemos para saber que o melhor que temos (o seio e a casa da mamãe; depois, a amizade dos irmãos e amigos) nada nos custa. Depois vamos vendo que a casa custa algo aos nossos pais e que os passeios em família também têm um preço. Somos apresentados ao mundo do dinheiro. Dele não mais nos livramos.
Em seguida, aprendemos que só podemos ter o que ele paga.
Para piorar, dizem-nos que o que o dinheiro paga é melhor do que aquilo que nada custa. Ter dinheiro para ter o que passamos a desejar se torna o alvo de nossas vidas.
Então, nós nos tornamos voluntariamente escravos embora achemos que estamos comprando a liberdade, a liberdade com a qual nascemos.
O mundo não será diferente disto.
Nós é que podemos colocar o dinheiro em seu lugar: um meio de pagamento, nunca um deus.